Empresa vai procurar indícios de petróleo em Pernambuco
Levantamento vai servir para companhias interessadas em explorar a bacia Pernambuco-Paraíba
Publicado em 27/03/2018, às 07h00
Autor do BLOG participa de Congresso em Recife. |
A empresa Spectrum Geo - especializada em serviços
geofísicos - vai investir US$ 26 milhões para mapear a bacia sedimentar de
Pernambuco-Paraíba e apontar a possibilidade da existência de petróleo e gás em
alto mar na região. O anúncio foi feito pelo ministro de Minas e Energia,
Fernando Coelho Filho, durante o evento “O planejamento estratégico da matriz
veicular do Brasil até 2030”, realizado ontem na Federação das Indústrias de
Pernambuco (Fiepe). A empresa vai preparar um levantamento do potencial da bacia
e oferecer a empresas interessadas em participar da licitação de blocos, que
deverão ser ofertados nas próximas rodadas de licitações da Agência Nacional de
Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A bacia PE-PB é a única do País
que não teve poços perfurados.
“A Spectrum estava aguardando apenas uma licença
ambiental para iniciar o mapeamento sísmico. As empresas tinham suspendido esse
tipo de trabalho porque não justificava fazer um alto investimento sem que
houvessem leilões. Agora, com a política anual de leilões, as companhias
voltaram a fazer esses levantamentos para oferecer às empresas petrolíferas que
vão participar dos leilões e querem conhecer melhor o subsolo marinho das
bacias”, explica o ministro. Isso porque a exploração de petróleo requer
investimento milionário e as empresas não costumam apostar nos leilões de
bacias desconhecidas.
O gerente geral da Spectrum Geo, João Corrêa, que
participou do evento realizado pelo Sindicato da Indústria do Açúcar e do
Álcool de Pernambuco (Sindaçúcar-PE), adianta que os dados sísmicos serão
oferecidos na 16ª rodada de licitações da ANP, prevista para acontecer em 2019.
Amanhã, a empresa apresenta o projeto à imprensa local. O mapeamento da bacia é
realizado por um navio sísmico, que aportou no Recife no último dia 24.
Coletados ao longo de 5.000 quilômetros em sísmica 2D.
“Dentro da cadeia de processos na indústria de
petróleo e gás, a aquisição de dados geofísicos é a primeira e indispensável
etapa, e esse será o procedimento feito em Pernambuco. Todo investimento nesta
indústria começa com a aquisição de dados sísmicos, que é o primeiro método
indireto de investigação geológica, para só depois saber o se há
hidrocarboneto, petróleo e gás que possam ser ofertados para as empresas”,
explica Correa. A presença do navio, durante um período de 3 a 4 meses vai
gerar empregos e arrecadação de impostos para o Estado e municípios.
NORDESTE
O potencial de negócios na exploração de petróleo e
gás no Nordeste foi tema da palestra do diretor geral da ANP, Décio Oddone. Ele
lembrou que o primeiro poço de petróleo perfurado no Brasil, em 1941, foi no
município baiano de Candeias, mas que a exploração vem encolhendo na região nos
últimos anos. O surgimento de outras áreas fronteiras de petróleo consideradas
mais interessantes, inclusive o pré-sal, estimulou um desinteresse pelo
Nordeste.
“Uma das alternativas que encontramos foi criar o mecanismo de oferta
permanente de áreas que foram devolvidas pela Petrobras à ANP, mas que poderão
ser arrematadas por empresas menores. Antes era preciso realizar leilões para
ofertar esses blocos, mas agora eles estarão disponíveis permanentemente”,
destaca, dizendo que são 838 blocos disponíveis na região.
O sonho de encontrar petróleo em Pernambuco vem
desde 2007, quando o consórcio Petrobras-Galp arrematou blocos da bacia
Pernambuco-Paraíba, na 9ª rodada de petróleo da ANP. As empresas fizeram
estudos ao longo dos últimos anos, mas vêm adiando a perfuração dos poços. O
primeiro adiamento foi autorizado pela ANP em 2015, estendendo o prazo para
2017. No ano passado foi solicitada uma nova postergação e o prazo limite para
perfuração ficou para 2020.
Reportagem: Jornal do Comercio 27/03/2018