quarta-feira, 24 de abril de 2019

DOIS TRECHOS DO LIVRO: TETÉ A MADRINHA DA RUA


A cidade

...Quitéria ficou muito curiosa, ao saber que em algumas cidades existiam ônibus elétricos nas ruas.

Imaginava: como seriam esses ônibus? E os fios?...
Soubera na vila que eram ônibus que transitavam normalmente pelas ruas, sem emitir nenhum som ou expelir nenhuma fumaça do seu motor.
A todo instante na rua, ficava procurando-os e questionando sobre estes transportes; pois gostaria muito de conhecê-los.
                   

Abismava-se com a quantidade de pessoas caminhando nas ruas, passando de um lado para outro.
Existiam tantos carros nas ruas que era necessário policiais para controle da movimentação organizada, entre pessoas e veículos.
Nas calçadas das ruas, as pessoas caminhavam rápidas, sorridentes e conversando constantemente.
A maioria das pessoas vestiam-se elegantemente, desfilando uma apresentação de modelos em suas vestimentas.
Aproximando-se um pouco mais dessas pessoas, conseguíamos sentir os perfumes utilizados, com fragrâncias variadas.
       
As formas e costumes ao falar, diferenciavam-se do modo normal que conhecera. Existiam pessoas de muitos estados ali e, alguns estrangeiros.
Diversas senhoras, senhoritas, senhores e rapazes, gostavam de trajar com um elegante chapéu, em diversos modelos e cores variadas.


Lojas, casarões e sobrados antigos, misturavam-se entre as novas construções e prédios muito altos.

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O banho na bacia

...A chegada da bacia de alumínio de cada residência, sobre a mesa do cortiço, o brilho do alumínio ao contato com os raios de sol e o início de enchimento com água; indicavam a hora de alguns dos pequeninos iniciar seu banho matinal ou vespertino no terreiro.
Alguns, enquanto bebês, gostavam muito dessa hora.
A água limpinha, trazida da cacimba próxima.
Às vezes morna, quebrada a frieza na chaleira ou mesmo naturalmente fria; a espera do pequenino ou pequenina.

Algumas mães, com o auxílio da vizinha Dona Benta, atuavam quanto a cura de algum mal físico.
Para isso, utilizavam na água da bacia algumas ervas medicinais: um ramo de aroeira, um galho de alfavaca, algumas folhas de salsa da praia, etc.
Lá estava uma das mães com um bebê na bacia.
Inicialmente um pequeno susto ao entrar na água lentamente.
Logo em seguida, a alegria, os ensaios de algazarra com os pulos na bacia ou batidas com as pequenas mãozinhas na água, que logo eram contidas pela mãe.
Aquele lugar na bacia parecia o reencontro com a água de sua conhecida e gostosa placenta em que vivera.
Um pouco de água de sabão amarelo na boca, era inevitável. Porém, logo que sentia o gosto ácido chegava o rápido e amargo aprendizado.
Dona Benta dizia que esse pouquinho não fazia mal. “Era bom para os vermes!”
Ao se aproximar o final do banho, a vontade de não sair da água. Às vezes, algumas reclamações através do choro.
Porém, completando a beleza do banho, ao sair da bacia; quando o vento frio anunciava sua chegada, logo era iniciado o aconchegante enrolar na toalha quentinha no colo de sua mãe ou da madrinha Teté.
A água suja e ensaboada da bacia, era jogada na levada, por alguém que já aguardava na fila para utilização da mesa.

Agora, era iniciado o transporte do bebê da velha mesa, até a sua casa, onde o completaria o sorriso final ao receber em seu berço, o último toque do lençol cheiroso e logo, logo, a presença de sua mãe com a mamadeira ou o leite materno que une mais uma vez mãe e filho.

Em mais uma etapa daquele banho, onde ao final de poucos minutos no colo materno, chegarão os primeiros enlaces do sono que o transportará ao caminho dos sonhos.  
Esse momento, é anunciado por pequenos trejeitos de sorrisos enquanto mama de olhos fechados; entreabrindo os olhos sonolentos uma ou outra vez, como a certificar-se da presença de sua mãe.
Tudo isso, trazendo o natural restabelecimento e crescimento de um futuro e saudável cidadão ou cidadã.

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Obrigado!
A.M

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Veja no meu Canal YOUTUBE, UMA MOSTRA dos vídeos sobre os livros.

https://www.youtube.com/user/damiao350

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Agradeço a todos!

sexta-feira, 12 de abril de 2019

O QUE É ÁGUA?

 Antes de falar do tema, permitam-me deixar um aviso.

Até o final deste mês de abril ou no próximo mês, estaremos lançando mais um livro sobre a história de uma jovem suburbana que viveu na década de 1950/1960 no Nordeste do Brasil.
 O título do livro: TETÉ, A madrinha da rua.

Um livro baseado em fatos reais.
Um livro rico em detalhes sobre a vida e o tempo nessa época. 

Cinquenta personagens que trazem beleza e desenvoltura em conduzir o dia a dia com trabalho honesto, dignidade e simplicidade. 
Vale a pena ver o vídeo no Canal YouTube, quando for lançado!
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Hoje, li dois artigos nas redes sociais, que gostaria de dividir com vocês leitores do Blog Arthur Madagascar.

Inicio reproduzindo uma frase da reportagem de Rafael Silva Fagundes, Doutor em história política da UERG; onde ele reproduz como lembrança, através da revista Fórum; um trecho do discurso de David Foster Wallace. Jovem falecido, graduado em Letras e Filosofia e, mestre em Artes nos EUA: 

“Estes dois jovens peixes estão nadando por aí, e por acaso encontram um peixe mais velho nadando na direção contrária, que acena para eles e diz ‘Bom dia, meninos, como está a água?’ E os dois jovens peixes continuam nadando por um tempo, até que eventualmente um deles olha para o outro e fala: ‘O que diabos é água?".
Segundo o próprio Wallace : "o objetivo da história dos peixes é que as mais óbvias e importantes realidades, são muitas vezes as mais difíceis de serem vistas e discutidas". 
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Continuando, reproduzo abaixo uma segunda informação que vi no Facebook, e resolvi pesquisar mais para confirmar a veracidade e profundidade do buraco em que estávamos em 2018 e, imaginar nosso futuro nos próximos anos.

A pesquisa é realizada desde os últimos 5 anos, pela Americana Varkey Foundation, conforme relata o seu fundador o Sr. Sunny Varkey.
Cinco anos atrás, o Sr. Varkey foi motivado a levantar anualmente esses índices nos principais países do mundo, para apresentar as péssimas condições de tratamento para com os professores.

O documento de 2018, contém 105 páginas e tem como autores:
Peter Dolton (University of Sussex an NIESR), Oscar Marcenaro (University of Malaga), Robert De Vries (University od Kent) e Po-Wen She (NIESR).

A imagem não ficou muito boa, mas os interessados podem ver mais no site abaixo.´

Nenhuma descrição de foto disponível.

Na sequência de 0-100 temos: 1º China, Malásia, Taiwan, Indonésia, Coreia do Sul, .....e por último em 35º o Brasil, com destaque a grande diferença para o penúltimo.

Fico muito envergonhado e triste, ao ver a nossa desvalorização com os nossos professores!

O mais crítico nisso tudo é que esse resultado é do ano passado!
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Já na última avaliação do PISA - Programa Internacional de Avaliação de Estudantes em 2015, ficamos no penúltimo lugar entre os 28 participantes.

Atualmente estamos com milhões de nossos jovens peixinhos questionando "o que é água?" nesse momento...

Se não sabemos o que é o Brasil, como podemos ser brasileiros?
Se não sabemos o que é um professor, como podemos aprender?
Se não sabemos o que cidadania, como defendê-la ou mantê-la?
Se não sabemos o que é respeito as leis, como respeitá-las?
Se não conhecemo-nos uns aos outros, como poderemos nos comunicar?
Se não... é tanta coisa que ainda ignoramos... 

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Como sair disso, se ainda continuamos patinando em discussões fúteis de viés ideológicos nesse momento, quando a grande maioria de nossas crianças e adolescentes estão sendo condenadas a longo sofrimento em curto prazo, por escolhas que não tiveram, morrer pela mendicância, violência bélica fatal, ou nos presídios atuais que não resolvem?
Além do fato de que o tempo não para e, continua a ignorância adolescente, gerando nascimentos  na ignorância infantil e outras tantas misérias ligadas ao ato de viver. 
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Apesar do respeito as diferenças e pensamentos, temos que participar com o que temos.
Manter a cortesia e o diálogo constante. Afinal, essa é nossa casa, somos irmãos e precisamos uns dos outros; independente do momento.

No meu caso, atualmente escrever o que penso em meus livros e tentar levar minha opinião quanto ao que acho certo ou errado, independente das ideologias mutantes.

O respeito e atenção aos professores, deve ser sempre ensinado e estimulado.



Cremos que a tarefa de capacitar constantemente e acompanhar os resultados de professores e alunos, cabe a diretriz nacional, estadual ou municipal, de acordo com a hierarquia das leis nesse sentido.

Ou seja, em estado de normalidade é a lei (por representação popular) e não o indivíduo sozinho, decidindo as questões sociais mais críticas.

Dessa forma, creio que teremos mais pacificação e estaremos no caminho do progresso, conforme os tigres asiáticos acreditaram 50 anos atrás; e os novos tigres que já despontam no topo desse índices de progresso que vocês viram no gráfico.

A vergonha e indignação, é um começo.
A ação de alguma maneira é o que será útil.

...por onde você passa, você sai deixando pedaços de você. Seja onde for, deixe sempre seus melhores pedaços, independente do pior que esteja passando.

Não podemos pedir mais, daqueles que estão em desgraça total. Façamos qualquer coisa, sem o confronto inútil. Mas, façamos!

Obrigado!
A.M