sábado, 8 de fevereiro de 2020

AMIZADE E APATIA

"Eu vejo você!"
I SEE YOU

A frase do filme AVATAR ainda ecoa no meu ouvido, no meu coração, e no meu ser.

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Em meio ao concreto e correria diuturna das cidades, somente a maioria dos mais experientes alcançam a paciência forçada pelo tempo, trazendo um olhar de reconhecimento ao seu redor, em busca do necessário entendimento.


Inicialmente, o desejo de todos no alinhamento tecnológico que os deixam mudos, cegos, surdos e indiferentes até com seu próprio eu.
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Seguem uma curiosidade insana, em busca de novidades sem ao menos vislumbrar o momento atual.

Em meio aos chamados e apelos midiáticos, alimentam a ansiosidade para que os vejam diariamente através da telinha de lítio, através de figuras que simbolizam palavras, ações, e vontades.

Estamos no reino dos caracteres e símbolos: emojins, gostei, não gostei, amém...

👍     👎    💓    😡   😂   🙏

Estamos nos tornando incapazes de um convite verbal e muito menos presencial, oferecendo nossa própria palavra e nossa presença para as pessoas.
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E seguimos isolados e distantes a cada dia.
Impossibilitados de dizer: Eu vejo você!

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Estamos sendo levados por ondas de informações, sem conseguir comunicação.
Todos estamos procurando nosso próprio minuto de fama e glória, para que seja visto, notado e tocado...


Em meio aos risos fáceis da telinha, resta a apatia, desânimo e desprezo; enquanto aguardamos novos repasses de novidades, incapazes de preencher o vazio deixado pela falta de amizades reais, duráveis e papáveis.
E seguimos antelados...
Incapacitados de dizer: Eu vejo você!
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Uma voz corajosa toca insistentemente a campainha de sua alma, aguardando a descarga de sua pequena bateria de lítio para que você desperte.

Nesse momento, em meio a apatia deixada pelos equipamentos eletrônicos, após as constantes superficialidades e falta de calor humano, surge a amizade.

Surge o som da voz... Surge o riso da face... Surge o aperto de mão... Ressurge a amizade, semelhante ao broto verde brilhante, após as primeiras chuvas de janeiro.

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No meio da praça concretada, o cimento começa a rachar e deixa surgir uma voz do passado: Eu vejo você!

No íntimo de nossa indiferença e apatia, a amizade é retomada em meio a nossa voz interior que torna a repetir: Eu vejo você!














No semblante daquele senhor quieto e triste em meio ao jardim, mais uma voz: Eu vejo você!

No desconhecido e necessitado que procura algo, uma voz se oferece como ajuda: Eu vejo você!

Eu vejo você!...

A.M.