terça-feira, 4 de setembro de 2018


A tristeza dos nossos jovens

Segue apenas mais um relato, como o de muitos outros, sobre a indignação e tristeza; em ver nossa juventude esfacelada e com seus sonhos moídos por uma inconsequente política egoísta, obtusa, de má fé e sem vontade de fazer o Brasil melhor nas últimas décadas.
Gostaria de não falar muito; mas a palavra teima em sair escrita, para que não se perca ou se transforme nos ouvidos menos apurados. Gostaria de falar um pouco de alegria e conhecimento, mas me permitam falar agora da tristeza, angustia e sofrimento, que paira na maior parte da juventude do Brasil nesse momento.

Não muitos anos passados, e nos deparávamos com uma festa de parlamentares e empresários de má índole, trocando favores por migalhas políticas que favorecessem seus feudos e alguns poucos familiares. Sempre ignorando a dor alheia. Ignorando a força social.
Algumas vezes, a festa pairava em torno de benesses, que retiravam o povo do atoleiro; sem, contudo, ensina-lo a não cair novamente. 

Foi bom enquanto durou.                                                         Mas assim mesmo foi bom, porque muitos aprenderam a sentir o gostinho do sol e autodidaticamente, não se permitirem voltar ao lamaçal.
Porém, pouco tempo depois, vemos a tristeza nos rostos dos nossos jovens. Muitos procurando uma oportunidade para fazer as malas e partir, para não patinarem nos anos que ainda continuam com perspectivas sombrias por aqui.
Vemos uma indignação em milhares, por estarem preparados profissionalmente para manter, alavancar ou criar o desenvolvimento e melhoria de vida para muitos aqui; e ao mesmo tempo verem esses sonhos truncados, por decisões equivocadas ou provocadas, para dar lugar ao atrapalho e ao sofrimento. Como se isso fosse uma ação isolada.
Será que ainda não entenderam a “ligação em tudo”? Não conseguem escutar o que já foi dito: “que se não der pra todos, não dará para ninguém”?
... e vemos o melhor de nossa juventude, que preparamos com sacrifícios por anos, escapar por entre os dedos da mãe pátria, como uma mão aberta querendo segurar a límpida água... 


Vemos a tristeza, em não poder sorrir mais em terras alheias, pela lembrança que corrói.
Permanecem em constante heroísmos os que ficam, muitas vezes sem escolha, quando se deparam com um cenário triste e corrupto: cruéis estatísticas de violência nas áreas sociais, presídios lotados e produzindo facções nocivas, hospitais públicos lotados em clima de guerra por anos, escolas lotadas de tristes adolescentes, professores assustados e desrespeitados, as drogas e a matança nas grandes cidades, famílias em total destruição e sem amor, maioria de um parlamento que nos entristece a cada dia, judiciário em desrespeito claro as leis, executivo inexistente e conivente com tudo isso.
E aqui na nossa casa, os que ainda permanecem em heroísmo, planejam a cada instante uma forma de sair, por não suportarem o descaso e o desprezo, pelos seus conhecimentos arduamente conseguidos, com o sofrimento próprio e da família.
Façamos aqui um apelo aos que ficarem. Saibam que vocês não estão sozinhos. Que acreditem na mudança, partindo de um pouco mais de vossa paciência e trabalho. Já passamos por situações piores. Saibam que juntos, ainda faremos o melhor em nossa casa.                                                                 Juntos será mais fácil consertar. Enquanto puderem, não desistam do Brasil.
A.M.